A criança é um ser social e histórico, que faz parte de uma organização familiar inserida em uma sociedade caracterizada por uma determinada cultura.
É profundamente marcada pelo meio social em que se desenvolve, mas também o marca.
"Brincando a criança também aprende". |
É profundamente marcada pelo meio social em que se desenvolve, mas também o marca.
Tem na família, biológica ou não, um ponto de referência fundamental.
As crianças possuem uma natureza singular, que as caracterizam como seres que sentem pensam o mundo de um jeito muito próprio.
As crianças possuem uma natureza singular, que as caracterizam como seres que sentem pensam o mundo de um jeito muito próprio.
Através das interações que estabelecem com as pessoas e com o meio que as circundam, as crianças revelam o seu esforço para compreender o mundo em que vivem e por meio das brincadeiras revelam as condições de vida a que estão submetidas, seus anseios e desejos.
As crianças constroem o conhecimento a partir das interações que estabelecem com as pessoas e o meio em que vivem.
O conhecimento não se constitui em cópia da realidade, mas sim, fruto de um intenso trabalho de criação, significação e ressignificação.
O conhecimento não se constitui em cópia da realidade, mas sim, fruto de um intenso trabalho de criação, significação e ressignificação.
O Sócio-interacionismo, cujo principal expoente é o russo L.S. Vygotsky, acrescenta a ideia de que desde o seu nascimento as crianças desenvolvem face ao que existe uma verdadeira atividade de pesquisa: constroem hipóteses, tateiam, experimentam, testam, reajustam suas ações. Cada descoberta conduz à nova interrogação. O sujeito constrói conhecimento de forma ativa, desenvolvendo suas estruturas de inteligência e reconstruindo suas aquisições continuamente.
O Construtivismo e o Sócio-interacionismo consideram, em primeiro lugar, que a criança não é um “vir a ser”, um “pequeno adulto”, e sim um ser humano pleno e em desenvolvimento, que elabora hipóteses genuínas acerca do mundo que a rodeia; é produtor cultural e sujeito de sua ação, construindo seu próprio conhecimento. O conceito de criança “desestimulada” e “carente” também sofre mudanças. Nestas concepções, não existem crianças carentes ou desprovidas culturalmente, pois a cultura regional e familiar é valorizada, tão importante quanto a cultura dominante e letrada. Assim, a família passa a ser vista como competente para cuidar de seus filhos, com saberes próprios que devem ser respeitados, e a educação infantil complementa o papel desempenhado pela família e pela comunidade.
Quanto mais uma criança ouve e vê, mais quer ver e ouvir, pois as informações enviadas ao cérebro geram sempre conexões novas que as mantém sempre ativas. É tão significativa essa relação que, no prazo de dois anos, a criança aprende milhares de informações, e até uma língua complexa, apenas por ouvi-la. (ALMEIDA, 1995, p.30)
A criança, concebida através da abordagem sócio histórica é integrante de um processo de personalização do que estava socialmente dado em sua cultura e sua aprendizagem acontece de acordo com o seu acesso aos instrumentos sociais e formas de internalização por ela elaborada. Por isso as aprendizagens não se dão da mesma forma e na mesma escala cronológica.
A criança conhece da mesma forma que o adulto, ou seja, a ação exterior inteiramente interior, provocada pela necessidade, mesmo elementar, evoca o aprendizado. A percepção de um mesmo objeto evoca diferentes perguntas em uma criança, incapaz de classificar e em outra com mais idade, que pense de forma mais ampla e mais sistemática. (PIAGET, 1995: 14). Os interesses dependem das noções adquiridas e das disposições afetivas, que melhoram o equilíbrio cognitivo. O equilíbrio e desequilíbrio correspondem ao movimento intelectual entre sujeito/objeto. Assimilações e acomodações organizam o cognitivo, ampliam os esquemas, no plano da ação e depois no psicológico, inicialmente em desacordo com o nível intelectual do adulto.
A interação se dá através do outro mais experiente. A criança inclui estímulos ausentes do seu campo visual imediato, suas operações práticas são menos impulsivas e espontâneas do que as de chimpanzés, com a fala planeja, executa algo visível, assim, age num processo psicológico complexo, usando o signo, uma atividade especificamente humana. (VYGOTSKY, 2005: 43). A criança vendo e ouvindo ativa conexões novas no cérebro, apropria-se oralmente da língua materna, internaliza práticas sociais, manipulando a fala e outros instrumentos culturais, imita a análise intelectual, processo interpessoal, mesmo não a compreendendo completamente. Imitativamente inicia sua cognição, coloca seu pensamento num quadro de relações culturais. Nesse sentido, o biológico e o cultural, não são da mesma ordem, mas constituem uma história personalizada, construída de forma e em escala cronológica diferente, dadas as possibilidades de acesso aos instrumentos sociais.
A criança vivencia processos descontínuos, marcados por contradições, conflitos. Os estágios do seu desenvolvimento marcam-se por características específicas, demarcadas nitidamente, passam por sobreposição, mistura, confusão, numa ordem necessária, num ritmo descontínuo. (WALLON, 1981: 47). Nesse entendimento, o cognitivo e o afetivo marcam a atividade intelectual. O crescimento biológico traz progressos, as revoluções de idade, chorar, sorrir, movimentar-se, jogar, manifestações peculiares a infância que dão passagens para outros comportamentos, novas aprendizagens. A linguagem é preponderante no desenvolvimento, permite representar a ordem mais insignificante de uma sequência, organizar um discurso, não é a causa do pensamento, mas um suporte indispensável ao seu progresso.
A representação é possível pela linguagem, com ela opera-se sobre o ausente, adentra-se o mundo dos signos, ampliando o pensamento, unindo e separando. (WALLON, 1981:186). Esse processo é permeado pela dificuldade, conflito, crises de autoafirmação, oposições, que finalizam a infância e evocam a puberdade.